terça-feira, 4 de outubro de 2011

Doce começo

Vem aqui, caminhe mais um pouco, escute o soar da minha voz mesmo estando metros longe... Não precisa correr, temos a escuridão como refúgio e as estrelas pra nos guiar, nesse mato que estamos. Não precisa dizer quase nada, deixe que seus lábios ao tocar os meus digam por nós. Era o que queríamos não é? Era o que qualquer dádiva pura queria ver, essa energia se misturar. Antes, eu tentei sugar seu cheiro pra mim, transformá-lo no meu ar, fazê-lo ser a química mais dependente pro meu corpo. Dez metros era o que havia entre mim e você. As arvores dançavam como se fosse um espetáculo do milênio, o vento rangia nas folhas, forte, como se nossa vontade atingisse até a ponta do galho mais sensível. Mais cinco metros, eu já te ouvia como se fosse música pros meus ouvidos, como se fosse liberdade pros meus atos. Dobrei cada partícula do meu cadarço afim de esconde-lo do chão cinza que estendia o meu corpo e o dela, olhei mais uma vez pro céu, a lua serena, branca feita um corpo de noiva, assistia lá do alto cada milésimo de segundo a aproximação de duas almas. Levantei meu corpo pro alto, olhei pra frente, senti o pulsar do sangue correr alem do normal, o vento se responsabilizava pro calor não tomar conta de mim, e por fim, a ponta dos meus dedos tocou algum lugar de você. Travei cada piscada que meus olhos dariam se ali fosse qualquer tipo de ocasião, se fosse qualquer tipo de alma. A vontade de por pra fora foi maior, revivi cada centímetro... O vento acalmou, reuniu as folhas numa posição exata de perfeição natural. O tempo concerteza congelou seus ponteiros e com isso, tudo se fez parar, só pra ouvir o roçar das cordas vocais que vibrava naquele pescoço com cheiro de mel. E todo ser da noite, toda forma de existência de qualquer habitat se fez calar ao ouvir se pronunciar a voz, esculpida pelo fino tecido avermelhado que protegia seus lábios de qualquer dor. Era bom sentir que as horas estavam ao nosso lado. Como tudo em você me fazia falta. Foi noite de especulações, uma dose e outra, uma forma de ouvir responder escutar, numa forma de perfeição. Vinha-me a sensação que qualquer palavra, risos movimento olhares já foram um só, como se tudo fosse uma obra de tintas sem rumo de traços. Como se essa obra nunca foi separada, como dois rios que se deslocava na mesma proporção de centímetros, profundidade e beleza rara. A fome, ansiedade, adrenalina. Além de tudo, tudo foi muito mais além... Cada som que seu peito pronunciava era uma surpresa, cada delírio era um segredo, preso e afogado num precipício proibido. Mas ali, tudo estava ao nosso alcance, até a dor de arriscar a ser mais que uma noite era dita pelo seu olhar. Eu descobri seus passos, sua forma de se comportar, eu descobri seu gosto, seu cheiro mais intenso que guardava dentro de si. Afetei sua alma em cada contorno de arrepios que se alinhava no seu corpo como se fosse o último suspiro insaciável. Te carreguei no meu peito, depois que o tempo se fez permitir a trazer o tempo a nossa realidade. Ela adormeceu feito desenho que os olhos não medem a embriagues diante de uma peça infinita e imortal. E então, ela descansou, acalmou seu coração, a adrenalina se manifestava quieta ao correr sonolenta por dentro daquele corpo, que não havia movimento, não havia dor... Eu adormeci, achando que o fim de um sonho estava por vir quando meus olhos abrir, mas não. Ela vive aqui, mas acima de tudo, eu vivo por ela.

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