Escuridão, solidão, rugidos sem dono, desespero sem nome, dores sem limites. Aparentei ter uns trinta anos a mais, não pela falta de rir, nem a falta de me arrumar, mas a falta de reconhecer seu espaço, seu coração, suas cores e sabores prediletos. Sentia a sensação que cada dia de espera, uma parte de mim se envelhecia feito uma carta sem valor guardada no mais fundo baú. Havia dias que o desespero e o medo me arrastavam pelas pernas, me levando ou num sono sem volta ou numa insônia sem fim.
Eu queria mesmo era que os dias só passassem independente se meu eu, estava perdido por ai... Aquela época eu não me importava com a beleza que o cara lá de cima me concedeu, nada era mais importante que uma espera sem volta.
Um copo a mais de café pela manha. Nem ele era forte o bastante para controlar minha vontade de sonhar. Era só o que tinha nas mãos... Meu cabelo, já não conhecia o sol, meu corpo não conhecia a batida que vibrava meu quadril, minhas mãos eram poucas para qualquer movimento. Eu já não enxergava mais, além do calendário, claro. A carência era brutal, a força de um carinho ameaçava a se desenhar na minha face, mas nada disso era mais importante que uma volta. Eu fui tão sínica e falta com as pessoas que raramente convivi durante esse tempo, que para elas concerteza, eu vivia bem, comia bem, ria e olhava para pernas maravilhosas que rodopiava quase sempre enfrente aos meus olhos e, como sempre, o que eu queria era sentir uma espera... Ainda bem que antes dessa coisa toda, eu encontrei a Melhor amiga, conheci a melhor Família, a melhor Mãe, o melhor Pai! A melhor Irma, o melhor Irmão, os melhores Sobrinhos. Até conheci um Amor verdadeiro. Ainda bem que tive um grupo de Amigos loucos, felizes e verdadeiros! Enquanto eu vivia nessa espera, nessa angustia que realmente não precisava ter vivido, cada um deles, me puxava de volta à luz. Hoje eu nasci de novo, agradeço por ter esperado tanto por algo que nunca voltará, não pra mim. Conheci uma dor extraordinariamente forte, mas depois disso, depois desse engano todo, estou vivendo para mim. Vou limpar cada sujeira que minha alma ainda tem.
É minha vez de crescer, viver o que perdi e amadurecer a cada vez que essa lembrança me perseguir, achando que é dona de mim. Deixe que venha. Com tudo isso até aprendi que o desprezo é uma forma de crescer. Aprendi principalmente, que qualquer amor em vez de aumentado a qualquer situação de perigo, ele é diminuído como se tudo fosse... Um nada!
É minha vez agora! E venha o que vier da minha alma e do meu coração, eu não troco por mais nenhuma espera.
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