sábado, 15 de dezembro de 2012

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O dia raiou, raiou sem ofuscar os raios do sol. O dia está nublado, não existe passáros no céu percorrendo seu caminho de lá pra cá, as vezes padece o vento zumbindo e correndo feito louco, perturbado arranhando as folhas mais alta das arvores, levando consigo a devastação das folhas pregadas no cimento do chão.
Abri os olhos devagar olhei pra janela ouvi o barulho do ventilador, companheiro dia e noite. Olhei novamente e senti a brisa do ar tocar em mim vindo do mais alto céu. Segundos se passaram e minha cabeça pulsou como se houvesse um trator dentro dela amassando cada veia, latejava com força era incontrolável e doído a força com que algo dentro de mim enfrentava feito lobo preso. Senti o sabor da minha boca e ao tocar meus lábios o ontem voltou abrindo portas fechadas e trancadas dentro de mim, minha memoria me traiu e me obrigou a lembrar de cada pronuncia e palavra que meus ouvidos negando a ouvir escutou.
Era noite e estava empolgada com os meteoros, talvez eles iram acontecer, quem sabe. Mas existia a possibilidade, nada se cria sem um ato sem um porque. E lá estava o artigo, meus olhos brilharam e meu coração bateu forte pois era algo incomum e quase impossível de ser visto. Pois bem. Correu nas minhas veias a empolgação, esperando a hora certa segundo o artigo. Estava sem rumo como os outros dias e como estou hoje, não havia nada de bonito em nada que via, nem na minha existência nada se mechia, não havia ninguém nem objetos. Meu celular tocou e a voz futura calou o silencio obrigando minha presença imediatamente, tentei argumentar mas é futuro e me calei, novamente. Pisquei meus olhos e vi tudo novamente no lugar, coloquei a primeira roupa que vi e escorreguei os pneus na rua molhada pela chuva. Estava chovendo o céu estava vermelho e sabia que a possibilidade do artigo era zero, não me incomodou estaria com ela.
Sentamos novamente naquele lugar onde tudo começou, ventava devagar, havia vozes por todo o lado nada de interessante. Passou-se os minutos e tocou meu coração, havia algo de errado e então senti em seus olhos o erro, ela perambulou as palavras, olhou fundo no meu olho e fez perguntas sem motivos a mim, pois bem, respondi.
Ela curvou seu corpo perto do meu e pediu com autoridade minha presença mais de perto, respeitei e então olhei como nunca havia olhado pra ninguém, eu senti sua vibração pelo seus olhos, eu senti o batimento do seu coração por minuto que ela dizia e explicava. Meus ouvidos estavam dispostos a ouvir até rancar sangue de dentro de mim, mas eu estava ali visando sua alma, seus olhos não mechiam os meus não piscavam. Sua face demonstrava raiva até rancor por tudo. Mas seus olhos, marrons e pequenos, fortes e demolidor estava calmo, como se seu coração estivesse dormindo naquele segundo e seu corpo demonstrando outro tipo de situação. Um milésimo de segundo não consegui acompanhar seu raciocínio, pelo fato de não entender porque seu coração soava felicidade e tranquilidade enquanto sua linguá me destruía por dentro. Voltei a vida, havia mesas vermelhas com pessoas loucas do lado, um vai e vem irritante. Eles estavam felizes ao que se percebia. Debaixo de nós um arco de folhas e galhos nos protegia timidamente das raspas de agua que caia do céu.
Voltei a vida, não a que estava antes uma outra que ela me mostrou que desenhou milimetricamente com a ponta da sua língua. Ela não desenhou com sol na parte de cima, nem com oxigênio suficiente pra mim enquanto permanecesse lá. Não a culpo, a palavra é a dona do mundo. Ela se esqueceu da cor e brilho, um pouco de sombra e comida, água já caia do céu por milagre de Deus, nessa vida nada se podia construir, era abafado e havia fumaça por todos os lados dificultando meu caminho e meus passos a seguir. Era aquele meu lugar agora. Diferente de onde estava e mais distante do que esperava estar. O celular foi suficiente para a destruição acalmar, tínhamos que ir embora. Alias, ela devia ir embora.
Andei por dez metros talvez até o carro e não lembro dos meus passos, não lembro de ve-la do meu lado me acompanhando como de costume. Apenas escutava sentindo o escorrer do sangue no meu pescoço a sensação era tão viva quanto qualquer coisa sem valor naquele momento. Abri a porta pra ela sem a ver pela primeira vez na minha vida estupida e traidora. Balancei a cabeça apos bater a porta acreditando que estava cega. Tive a sensação de estar em dois mundos e um riu bem longo e comprido me separando de cada um deles e então ela novamente suou sua voz que abafou naquele veiculo, esperando desesperadamente em ouvir que eu estaria ali mesmo ela vivendo mentiras e loucuras na sua vida individual, sem mim. Como eu não queria ouvir mais, como eu queria bater em tudo até tudo não existir mais, como eu, como dentro de mim estava.
Quando percebi o silencio me iluminou e minha língua soltou de mim e vi ela dançando desgovernada e desesperada na frente de nós. Falei nada com nada segundo ela, era o que havia em mim, nada com nada. Não mais.
Corri mais rápido do que quando cheguei, talvez queria que tudo aquilo terminasse logo, queria estar dormindo como fiz hoje e acordar com o coração soando por mais um tormento que sonhei.
A alma poderia ser mais fraca que o corpo, pois se houvesse essa possibilidade eu dormiria eternamente naquela noite, mas não, a deixei onde peguei. Engatei a primeira vi seu carro passando enfrente ao meu e sumindo sem me deixar uma palavra de esperança. Parti com o meu e comecei a caminhar novamente sem rumo, sem futuro. Era desesperador, tomei a estrada, descobrindo a cada segundo que a mulher dentro de mim precisava de mim e então a trouxe protegida sem saber qual seria seu começo.

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